sábado, 6 de agosto de 2011

Todo se pasa en San Telmo

de tal modo que se fica cansado num bar sem querer sair e se chega em casa com ainda um teco de eletricidade que não dormiu.

É que San Telmo é um bairro que parece querer que as pessoas fiquem. É pra se comprar e pra se gastar, como são todos, mas para se comprar barangandãs enquanto um bróder com uma cara sem mapa toca Canon en Ré na beira da calçada apinhada. E para bebericar uns tantinhos de um sem número de cervejas em um sem número de bares que têm as portas sempre à serventia tanto para a entrada como para a saída. San Telmo pede que se pingue de bar em bar porque cada um pode ser tão bom que até convida ao próximo.

É ainda mais aceso quando há música ao vivo. Um bar de passar em frente outro dia - que de tão cheio de uma mistura de salsa, tambores e gente não me deixou chegar mais perto ontem à noite - teve sua cara abafada pelo da esquina seguinte, que trazia um flamenco feito músicos e dançarinos sobre um Cortázar que fumava na foto. Violão, baixo, voz, percussão fantásticos, mesmo que o yo do gallegos soasse .

Depois um bar metido a pub irlandês, tão no clima que até levava umas flautas típicas ao fundo e uns ruivos estranhos pelo balcão. Mas a cerveja era ruim, desgraçados! Então, voltar para outro bar de outra vez, redescobrir a música boa e as pessoas pitorescas e a cara de puta da vida da garçonete que lembra de você passando mal ali na semana passada. Tudo bem, mudamos de novo.

Nesse meio tempo, você acaba saindo de um sem pagar, levando souvenirs de outro e acenando alegremente para o cara que você conheceu na rua ontem, estrangeiro como você. Quem sabe nos vemos quando voltar a San Telmo para o tango de rua. Ou então conheço outros.

Por hoje, morro de preguiça. Acho que isso não cai bem por lá.